Considero os répteis animais interessantíssimos. Lagartos, serpentes, crocodilos, tartarugas e jacarés são exemplos da classe reptiliana. Alguns desses animais já nascem com o instinto de sobrevivência desenvolvido, como no caso dos crocodilos e jacarés.
Apesar de pesquisas recentes, como a conduzida na Universidade Duke, na Carolina do Norte, em 2011, que demonstrou a capacidade dos lagartos aprenderem e lembrarem como se resolvem problemas, o raciocínio dos répteis, em geral, é muito rudimentar, basicamente voltado à manutenção da vida e preservação da espécie.
Na Psicologia, um conceito muito utilizado para explicar a neuroanatomia do cérebro é o conceito de Cérebro Trino, desenvolvido pelo neurocientista Paul Maclean na década de 70, porém aceito pela comunidade científica somente nos anos 90. Esse conceito apresenta uma divisão do cérebro em 3 partes: o cérebro reptiliano, o mais rudimentar, semelhante ao dos répteis, responsável pelos nossos instintos; o cérebro límbico, ao exemplo dos mamíferos, que processa nossas emoções; e o neocórtex, que é específico da espécie humana, responsável pela nossa razão.
Seguindo essa lógica, nós, humanos, temos, assim como os répteis, uma área do cérebro que cuida dos nossos instintos mais primitivos: o cérebro reptiliano. Nesse sentido, quando recebemos estímulos de possíveis ameaças à nossa sobrevivência, essa área do cérebro é acionada. O problema, na verdade, é que na vida cotidiana nem sempre as ameaças são reais. Em terapia, por exemplo, se trabalha a percepção dos pacientes, pois, muitas vezes, existe uma visão distorcida da realidade.
Por mais que as reações emocionais também envolvam o cérebro límbico, a energia que aciona as emoções é enviada pelo cérebro reptiliano. Dessa forma, quando estamos contaminados pelo “instinto de sobrevivência” (que, como vimos, nem sempre condiz com a realidade) nosso sistema límbico recebe um pedido de resposta urgente, como uma intimação!, o que nos faz ter uma resposta nem sempre adequada à situação ocorrida.
Como fugir desta reação disfuncional? Primeiro, elaborando nossos medos e raiva na terapia. Desse modo, podemos olhar para a origem dos problemas e resolver a causa, não somente o efeito. Em segundo lugar, evitando reações imediatas, pois, muitas vezes, estamos ativados por sentimentos que não correspondem com a proporcionalidade dos fatos.
Então, meus caros leitores, aprendamos com o reino animal e evitemos a comparação com a resposta instintiva dos répteis, pois esses animais não possuem a consciência de seus atos e, muito menos, a possibilidade de analisar se suas respostas são adequadas ao contexto e se não estão, na verdade, reagindo com intensidade exagerada em função de traumas do passado (Antonio Levorci Neto, 28/01/2023).